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Linfadenectomia Retroperitoneal: Um Guia Completo

A linfadenectomia retroperitoneal é um tipo de cirurgia que consiste na remoção dos gânglios linfáticos localizados na região do retroperitônio, que é o espaço entre o peritônio (a membrana que reveste a cavidade abdominal) e a parede posterior do abdômen. 

Os gânglios linfáticos são pequenos órgãos que fazem parte do sistema imunológico e que filtram a linfa, um líquido que circula pelo corpo e que contém células de defesa, nutrientes e resíduos.

Indicações Médicas para a Linfadenectomia Retroperitoneal

A principal indicação médica para a realização da linfadenectomia retroperitoneal é o tratamento do câncer testicular, que é um tipo de tumor maligno que se origina nos testículos, as glândulas sexuais masculinas responsáveis pela produção de espermatozóides e de testosterona. 

O câncer testicular pode se espalhar pelo corpo através dos vasos sanguíneos ou linfáticos, atingindo principalmente os gânglios linfáticos do retroperitônio.

A linfadenectomia retroperitoneal tem como objetivo remover os gânglios linfáticos afetados pelo câncer testicular, evitando que as células tumorais se disseminem para outros órgãos ou tecidos. 

A cirurgia também pode servir para confirmar o diagnóstico e o estadiamento do câncer testicular, ou seja, para determinar o grau de extensão e de agressividade do tumor.

A linfadenectomia retroperitoneal pode ser indicada em diferentes situações, dependendo do tipo e do estágio do câncer testicular. Algumas dessas situações são:

  • Após a orquiectomia radical, que é a cirurgia de remoção do testículo afetado pelo câncer. A linfadenectomia retroperitoneal pode ser realizada como uma medida preventiva (linfadenectomia profilática) ou como uma medida terapêutica (linfadenectomia terapêutica), dependendo dos resultados dos exames de imagem e dos marcadores tumorais.
  • Após a quimioterapia ou a radioterapia, que são tratamentos que usam medicamentos ou radiação para destruir as células cancerígenas. A linfadenectomia retroperitoneal pode ser realizada para remover os gânglios linfáticos residuais ou persistentes após esses tratamentos (linfadenectomia pós-quimioterapia ou pós-radioterapia).
  • Em casos de recidiva ou de resistência ao tratamento, ou seja, quando o câncer testicular volta a crescer ou não responde aos tratamentos convencionais. A linfadenectomia retroperitoneal pode ser realizada para tentar controlar a doença e melhorar a sobrevida dos pacientes (linfadenectomia de resgate).

A linfadenectomia retroperitoneal também pode ser indicada em casos raros de outros tipos de câncer que podem atingir os gânglios linfáticos do retroperitônio, como o câncer de rim, de bexiga, de próstata ou de ovário.

Como a Cirurgia é Realizada: Procedimento Passo a Passo

A linfadenectomia retroperitoneal é uma cirurgia complexa e delicada, que requer uma equipe médica especializada e experiente. 

A cirurgia pode ser realizada por dois métodos: o método aberto ou o método laparoscópico.

O método aberto é o mais tradicional e consiste em fazer uma incisão (corte) na região abdominal, que pode ser vertical (do umbigo até o púbis) ou transversal (na altura do umbigo). 

Através dessa incisão, o cirurgião acessa o retroperitônio e identifica e remove os gânglios linfáticos afetados pelo câncer. A incisão é fechada com pontos ou grampos.

O método laparoscópico é o mais moderno e consiste em fazer pequenas incisões na região abdominal, por onde são introduzidos uma câmera e instrumentos cirúrgicos. 

A câmera transmite as imagens do interior do abdômen para um monitor, que orienta o cirurgião na realização da cirurgia. O cirurgião usa os instrumentos para acessar o retroperitônio e identificar e remover os gânglios linfáticos afetados pelo câncer. As incisões são fechadas com pontos ou adesivos.

A escolha do método depende de vários fatores, como o tipo e o estágio do câncer testicular, a experiência do cirurgião, a disponibilidade de equipamentos e a preferência do paciente. 

Em geral, o método laparoscópico tem algumas vantagens sobre o método aberto, como menor tempo de cirurgia, menor sangramento, menor dor, menor risco de infecção, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. 

No entanto, o método laparoscópico também tem algumas limitações, como maior custo, maior dificuldade técnica e maior risco de lesão de órgãos adjacentes.

A linfadenectomia retroperitoneal é realizada sob anestesia geral, ou seja, o paciente fica inconsciente durante todo o procedimento. 

O tempo de duração da cirurgia varia de acordo com o método utilizado e a extensão da remoção dos gânglios linfáticos. Em média, a cirurgia dura entre 2 e 4 horas.

Recuperação Pós-Operatória: Cuidados e Tempo de Recuperação

Após a realização da linfadenectomia retroperitoneal, o paciente é encaminhado para a sala de recuperação, onde é monitorado até acordar da anestesia. 

Em seguida, o paciente é levado para o quarto ou para a unidade de terapia intensiva (UTI), dependendo da sua condição clínica.

O paciente pode sentir dor, desconforto ou inchaço na região abdominal, que podem ser aliviados com analgésicos prescritos pelo médico. 

O paciente também pode ter um dreno na incisão cirúrgica, que serve para retirar o excesso de líquido ou sangue que possa se acumular no local. O dreno é removido após alguns dias, conforme a orientação médica.

O paciente deve seguir alguns cuidados pós-operatórios para evitar complicações e favorecer a cicatrização da incisão. Alguns desses cuidados são:

  • Manter a incisão limpa e seca, trocando os curativos conforme a orientação médica.
  • Evitar esforços físicos, como levantar pesos ou fazer exercícios intensos, por pelo menos 6 semanas após a cirurgia.
  • Evitar dirigir ou operar máquinas pesadas por pelo menos 2 semanas após a cirurgia.
  • Evitar fumar ou consumir bebidas alcoólicas por pelo menos 2 semanas após a cirurgia.
  • Evitar relações sexuais por pelo menos 4 semanas após a cirurgia.
  • Seguir uma dieta leve e equilibrada, rica em fibras e líquidos, para evitar constipação intestinal e facilitar a evacuação.
  • Usar roupas íntimas confortáveis e de algodão, que não comprimam os órgãos genitais.

O tempo de recuperação após a linfadenectomia retroperitoneal depende do método utilizado e da evolução clínica do paciente. Em geral, o tempo de internação varia entre 3 e 7 dias. O tempo de retorno às atividades normais varia entre 2 e 6 semanas.

Riscos e Complicações da Linfadenectomia

A linfadenectomia retroperitoneal é uma cirurgia segura e eficaz para o tratamento do câncer testicular, mas como toda cirurgia, ela pode apresentar alguns riscos e complicações. Algumas dessas complicações são:

  • Sangramento: é a perda excessiva de sangue durante ou após a cirurgia, que pode exigir transfusão ou nova intervenção cirúrgica.
  • Infecção: é a invasão de micro-organismos na incisão cirúrgica ou nos órgãos internos, que pode causar febre, vermelhidão, dor ou secreção. A infecção pode ser tratada com antibióticos ou drenagem.
  • Lesão de órgãos adjacentes: é o dano acidental a órgãos próximos ao retroperitônio, como o intestino, o rim, o ureter, a veia cava ou a aorta. A lesão de órgãos adjacentes pode causar dor, sangue na urina ou nas fezes, inchaço ou choque. A lesão de órgãos adjacentes pode requerer reparo cirúrgico ou remoção do órgão afetado.
  • Linfedema: é o acúmulo de linfa nos membros inferiores, causado pela obstrução ou remoção dos vasos linfáticos. O linfedema pode causar inchaço, dor, dificuldade de movimento ou infecção nos pés ou nas pernas. O linfedema pode ser tratado com meias elásticas, massagem, exercícios ou drenagem linfática.
  • Ejaculação retrógrada: é o fluxo reverso do sêmen para a bexiga durante o orgasmo, causado pela lesão dos nervos que controlam o esfíncter da bexiga. A ejaculação retrógrada pode causar infertilidade, mas não afeta a ereção ou o prazer sexual. A ejaculação retrógrada pode ser tratada com medicamentos ou técnicas de reprodução assistida.

A maioria dessas complicações são raras e podem ser prevenidas ou tratadas com medidas adequadas. O médico responsável pela cirurgia deve informar ao paciente sobre os riscos e as complicações da linfadenectomia retroperitoneal, bem como sobre as formas de prevenção e tratamento. 

O paciente deve seguir as orientações médicas e comunicar qualquer sintoma anormal que possa indicar uma complicação.

Perguntas Frequentes sobre a Linfadenectomia Retroperitoneal

A seguir, vamos responder algumas perguntas frequentes sobre a linfadenectomia retroperitoneal:

  • A linfadenectomia retroperitoneal é a única opção de tratamento para o câncer testicular? Não, a linfadenectomia retroperitoneal é uma das opções de tratamento para o câncer testicular, mas não é a única. Outras opções de tratamento são a quimioterapia, a radioterapia e a observação vigilante. A escolha do tratamento depende do tipo e do estágio do câncer testicular, das condições clínicas do paciente e da sua preferência.
  • A linfadenectomia retroperitoneal afeta a fertilidade? Sim, a linfadenectomia retroperitoneal pode afetar a fertilidade por causa da ejaculação retrógrada, que impede que o sêmen seja expelido pela uretra durante o orgasmo. No entanto, isso não significa que o paciente fique estéril, pois ele ainda produz espermatozoides e hormônios normalmente. O paciente pode recorrer a técnicas de reprodução assistida para ter filhos, como a coleta e o congelamento do sêmen antes da cirurgia, a recuperação do sêmen da urina após a cirurgia ou a fertilização in vitro.
  • A linfadenectomia retroperitoneal afeta a ereção? Não, a linfadenectomia retroperitoneal não afeta diretamente a ereção, pois ela não interfere na circulação sanguínea ou na inervação do pênis. No entanto, alguns fatores podem influenciar indiretamente na ereção após a cirurgia, como o estresse emocional, a dor pós-operatória, o uso de medicamentos ou o medo de falhar. Esses fatores podem ser superados com apoio psicológico, orientação médica e terapia sexual.
  • A linfadenectomia retroperitoneal afeta o prazer sexual? Não, a linfadenectomia retroperitoneal não afeta o prazer sexual, pois ela não interfere na sensibilidade ou na resposta orgástica do paciente. O paciente pode ter orgasmos normalmente após a cirurgia, mesmo que não haja ejaculação. O prazer sexual depende mais da intimidade, da comunicação e da cumplicidade entre o paciente e o seu parceiro ou parceira do que da presença ou ausência de sêmen.

Preparação para a Cirurgia: Exames, Diagnóstico e Expectativas

Antes de realizar a linfadenectomia retroperitoneal, o paciente deve passar por uma série de exames e avaliações para confirmar o diagnóstico, determinar o estágio e o tipo do câncer testicular, avaliar as condições clínicas do paciente e planejar a cirurgia. Alguns desses exames e avaliações são:

  • Exame físico: consiste na inspeção e na palpação dos testículos, do abdômen e dos gânglios linfáticos. O exame físico pode detectar alterações no tamanho, na forma ou na consistência dos testículos ou dos gânglios linfáticos.
  • Exame de sangue: consiste na coleta e na análise de uma amostra de sangue do paciente. O exame de sangue pode medir os níveis de marcadores tumorais, que são substâncias produzidas pelas células cancerígenas, como alfafetoproteína (AFP), gonadotrofina coriônica humana (hCG) e lactato desidrogenase (LDH). O exame de sangue também pode avaliar as funções hepática, renal e hematológica do paciente.
  • Ultrassonografia: consiste em usar ondas sonoras para gerar imagens dos órgãos internos do paciente. A ultrassonografia pode avaliar a estrutura e a vascularização dos testículos e dos gânglios linfáticos, bem como detectar a presença de massas ou cistos.
  • Tomografia computadorizada: consiste em usar raios X para gerar imagens tridimensionais dos órgãos internos do paciente. A tomografia computadorizada pode avaliar a extensão e a localização do câncer testicular, bem como detectar a presença de metástases em outros órgãos ou tecidos.
  • Ressonância magnética: consiste em usar um campo magnético para gerar imagens detalhadas dos órgãos internos do paciente. A ressonância magnética pode complementar a tomografia computadorizada na avaliação da extensão e da localização do câncer testicular, bem como detectar a presença de metástases em outros órgãos ou tecidos.
  • Biópsia: consiste em retirar uma pequena amostra de tecido do testículo ou dos gânglios linfáticos para análise microscópica. A biópsia pode confirmar o diagnóstico de câncer testicular, bem como determinar o tipo e o grau de agressividade do tumor.

Após a realização dos exames e das avaliações, o médico responsável pela cirurgia deve informar ao paciente sobre os resultados, o plano cirúrgico, os riscos e as complicações da linfadenectomia retroperitoneal, bem como sobre as expectativas de cura e de sobrevida. 

O médico também deve esclarecer as dúvidas e os receios do paciente, bem como obter o seu consentimento informado para a realização da cirurgia.

O paciente deve seguir algumas orientações pré-operatórias para se preparar para a cirurgia. Algumas dessas orientações são:

  • Jejum: consiste em não comer ou beber nada por pelo menos 8 horas antes da cirurgia, para evitar complicações anestésicas ou digestivas.
  • Medicação: consiste em suspender ou ajustar o uso de alguns medicamentos que possam interferir na coagulação sanguínea ou na anestesia, como anticoagulantes, anti-inflamatórios ou antidepressivos.
  • Higiene: consiste em tomar banho e raspar os pelos da região abdominal e genital, para evitar infecções ou irritações na incisão cirúrgica.
  • Transporte: consiste em providenciar um meio de transporte seguro e confortável para ir e voltar do hospital, pois o paciente não poderá dirigir após a cirurgia.
  • Acompanhante: consiste em levar um familiar ou amigo para acompanhar o paciente no hospital, pois ele precisará de apoio emocional e prático antes e depois da cirurgia.

Alternativas e Opções de Tratamento

A linfadenectomia retroperitoneal é uma das opções de tratamento para o câncer testicular, mas não é a única. 

O paciente deve discutir com o seu médico as alternativas e opções de tratamento disponíveis, considerando os benefícios, os riscos e as preferências pessoais de cada caso. Algumas dessas alternativas e opções são:

  • Quimioterapia: consiste no uso de medicamentos que atuam no organismo todo, matando as células cancerígenas ou impedindo que elas se multipliquem. A quimioterapia pode ser usada antes ou depois da cirurgia, dependendo do tipo e do estágio do câncer testicular. A quimioterapia pode causar efeitos colaterais, como náusea, vômito, perda de cabelo, fadiga, infecção ou infertilidade.
  • Radioterapia: consiste no uso de radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas ou impedir que elas se multipliquem. A radioterapia pode ser usada antes ou depois da cirurgia, dependendo do tipo e do estágio do câncer testicular. A radioterapia pode causar efeitos colaterais, como vermelhidão, irritação, queimação ou infertilidade na área irradiada.
  • Observação vigilante: consiste em monitorar o paciente periodicamente com exames clínicos e laboratoriais, sem realizar nenhum tratamento específico. A observação vigilante pode ser usada em casos de câncer testicular em estágio inicial, com baixo risco de recidiva ou metástase. A observação vigilante pode evitar os efeitos colaterais dos tratamentos invasivos, mas requer disciplina e atenção do paciente.

Considerações finais

A linfadenectomia retroperitoneal é uma cirurgia que pode ser indicada para o tratamento do câncer testicular, visando remover os gânglios linfáticos afetados pela doença. A cirurgia pode ser realizada por dois métodos: o aberto ou o laparoscópico. 

A cirurgia requer uma preparação pré-operatória e um cuidado pós-operatório adequados, para evitar complicações e favorecer a recuperação. A cirurgia pode afetar a fertilidade, mas não a ereção ou o prazer sexual do paciente.

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